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Uso de “filtro Ultravioleta”

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Existem aquários em que é preciso tomar alguma providência a respeito de superpopulação, agentes infecciosos especialmente resistentes, ou algum parâmetro químico-físico da água. Uma das opções disponíveis é o filtro por ultravioleta. Um aparelho desse tipo funciona fazendo a água passar em torno de uma lâmpada que emite radiação ultravioleta, fatal para agentes infecciosos, algas, e outros potenciais perigos para o aquário. O fluxo de água e a capacidade do filtro são determinantes para o sucesso no uso desse tipo de aparelho.

Naso vlamingi, peixe que pode se beneficiar com o uso de filtro UV no aquário por conta da eliminação de eventuais agentes patogênicos na água proporcionada por esse tipo de aparelho

Basicamente,existem dois tipos de filtro de UV. Um deles faz a água entrar em contato direto com a lâmpada. O outro tem um tipo de luva que envolve a lâmpada UV (que deve ser de quartzo, pois luvas de vidro comum filtram os raios UV emitidos pela lâmpada, resultando em inutilidade total da aplicação do aparelho), portanto a água não entra em contato com a lâmpada. Esse tipo de filtro UV é mais caro por causa da luva de quartzo, e, afirmam muitos especialistas, mais eficaz do que o outro. O argumento a favor dos filtros com luva é que para a lâmpada UV emitir luz no espectro desejado, precisa funcionar a uma determinada temperatura, e a luva serve exatamente para não deixar a lâmpada trabalhar fora dessa temperatura. A lâmpada funciona na temperatura exata para a qual o filtro foi construído, emitindo UV mais eficaz. É fundamental manter a luva de quartzo limpa para evitar que a emissão de luz UV da lâmpada não seja prejudicada por sujeira acumulada na sua superfície.

Filtrar um determinado corpo de água significa livrá-lo de algo indesejável, tornando-o de acordo com os parâmetros químico-físicos desejados.

Para atingir esse ponto, temos que levar em conta a velocidade com que a água passa pelo filtro, qual sua capacidade de filtragem e comparar esses dados ao volume de água a ser processado.

P. Escobal, em seu livro em inglês “Aquatic Systems Engineering” (1996), permite-nos calcular, por intermédio de uma fórmula simples, em quanto tempo se pode processar toda a água de um aquário em determinado aparelho (bomba ou filtro), bastando para isso saber:

1) O volume do aquário (V)

2) A velocidade de processamento (B) do aparelho para obtermos quanto tempo levará para filtrar 99,99% da água do aquário.

Obs: Filtrar 99,99% da água é um dado atingido de acordo com cálculos apresentados pelo autor, que não fazem parte do escopo deste artigo, que assume o pressuposto de que filtrar 99,9% da água é mais do que suficiente para os propósitos do hobby. Para filtrar essa quantidade de água, Escobal chegou a um fator de 9,2. Na fórmula abaixo, temos:

T = 9,2 x (V/B)

T dará o tempo em horas que o aparelho utilizado gastará para processar 99,9% da água do aquário, permitindo uma base sólida para calcular qual tipo de aparelho usar em relação a seu consumo (filtros UV são vendidos com “capacidade” em Watts. Watt é medida de consumo, e não de potência), à sua potência e produção de agentes esterilizadores.

Exemplo 1: Um aquário de 1000 litros é processado por uma bomba de recalque trabalhando a 3000 litros de água por hora.

Quanto tempo a bomba demora em processar 99,9% da água do aquário ?

Utilizando a fórmula acima, temos: T = 9,2 x (1000 / 3000) T = 3,06 horas, ou, na prática, 3 horas. É importante levar em conta o fluxo real do aparelho considerado, e não o dado citado na caixa da bomba pelo fabricante. A maior parte dos fabricantes apresenta no rótulo vazão da bomba a 1 pé de altura. Por isso, e como cada montagem de aquário tem suas particularidades, é possível obter dado confiável apenas se o volume correto que a bomba apresenta seja considerado.

Esquema de uso de filtro por emissão de luz no espectro ultravioleta

O diagrama acima mostra uma bomba que leva água para dentro do filtro UV por meio de uma mangueira. A outra ponta da mangueira deve ficar submersa, pois se houver falta de energia elétrica, o filtro não fica vazio. Isso impede que a lâmpada queime quando a energia elétrica voltar. A medida necessária para eliminar o organismo desejado é dada em Microwatts por segundo por centímetro quadrado.

Bactérias são eliminadas entre 3.400 e 22.000 Mw/S/cm2; vírus, entre 6.800 e 440.000 e protozoários entre 6.600 e 200.000.

Com esses números, pode-se assumir que uma dose em torno de 50.000 Mw/S/cm2 é suficiente para eliminar a maior parte dos organismos indesejáveis da água de um aquário.

Por exemplo; Para eliminar um tipo de organismo que exige dose de 60.000 Mw/S/cm2 em um aquário de 750 litros, é necessário um filtro UV de 64 watts por onde a água passe à taxa de aproximados 990 litros por hora. Usando a fórmula apresentada para cálculo de tempo de fluxo apresentada no início deste artigo, teremos: T = 9,2 x (750/990) T = 6,97 ou quase uma vez a cada sete horas.

Considerando uma taxa razoável de eliminação de organismos indesejáveis a passagem de duas vezes o volume do aquário pelo filtro de UV a cada 24 horas, pode-se ligar à unidade UV um timer que a faça funcionar por 14 horas diárias, fazendo com que a lâmpada chegue a durar cerca de 40% a mais do que duraria se ficasse ligada o dia inteiro. Pode-se considerar, também, o uso de dois aparelhos de 30 watts, e aumentar em uma hora o tempo de funcionamento por dia para compensar a pequena diferença de 4 watts entre o consumo do aparelho de 64w e dos dois de 30w.

B. conspicullum, extremamente valorizado no hobby por seu extraordinário colorido. Não é, no entanto, uma espécie de peixe aconselhada para aquários que tenham moluscos e outros tipos de invertebrados que fazem parte de sua dieta rotineira.

Os cálculos tornados possíveis com o uso dessa fórmula facilitam a escolha do filtro correto, sendo muito importantes para “baterias” de lojas e quarentenas ou aquários hospitais.

Verificar com exatidão o fluxo real de água que passa pelo filtro é muito importante. Uma das maneiras mais simples de fazer isso é colocar um saco plástico vazio na saída da bomba de recalque do aquário, medindo o tempo que ela demora para enchê-lo. Colocando a água num recipiente que marque o volume, obtém-se resultado de forma simples. Multiplica-se o volume de água pelo tempo em segundos que passou até o saco plástico ficar cheio. Após o número obtido para litros por hora, é obtido o fluxo verdadeiro que a bomba está proporcionando. Esse dado é fundamental para que se possa aplicar a fórmula acima apresentada (usando posteriormente o mesmo valor) para chegar ao filtro UV e ao fluxo de água necessários ao sistema.

O uso apropriado dos cálculos apresentados neste artigo é fundamental para atingir os resultados necessários com o uso de filtro UV.

Deve-se levar em conta, porém, que filtrar a água usando um aparelho desse tipo tem como finalidade apenas esterilizar o corpo aquático desejado, tornando-o menos propenso a problemas nos organismos habitantes do aquário.

Filtro por ultravioleta não é remédio, mas medida profilática.

Não se deve usar filtro UV nas seguintes condições:

1 – Tratamento contra parasitas com remédio à base de cobre – apenas em aquários do tipo bateria de loja ou hospital – Jamais se deve dosar qualquer remédio no aquário, de qualquer natureza ou composição química.

2 – Tratamento com antibiótico para combater bactérias. O uso de medicamentos é prejudicado pelo filtro UV porque a radiação do filtro destrói o remédio na água, neutralizando sua aplicação. O uso de filtro UV para eliminar da água agentes agressivos aos habitantes do aquário é extremamente benéfico. A aplicação do filtro correto à necessidade de cada sistema é importante para que se use o aparelho adequado.